A crônica do abuso
Abud abriu os olhos. Havia um homem de costas para ele, sem nenhuma roupa, que exasperado, parecia falar ao telefone. Tentou sair de onde estava e percebeu que estava atado com correntes a um estrado de madeira. O corpo todo lhe doeu quando fez outro esforço. Aos poucos, sua visão foi se acostumando com o ambiente e descobriu, enfim, onde estava. Viu os cadeados que lhe prendiam às correntes e ao estrado. As travas de madeira que lhe tolhiam os movimentos das pernas. As presilhas de ferro nos dedos dos pés, como se fossem anéis parafusados na madeira, rasgando a carne. As algemas nos tornozelos que se fechavam a cada movimento. Moveu um pouco a cabeça para um lado e descobriu que também havia um colar de ferro que lhe apertava o pescoço por meio de um parafuso. Tentou falar, mas o colar de ferro lhe sufocou mais ainda. Os lábios estavam em carne viva. Sentiu sede e fome.